sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Oscilações


Um dia desses, você vai encontrar o amor da sua vida. Vai fazer as mais belas juras de amor, vai enlouquecer, vai se sacrificar e escrever o nome amado nas estrelas jurando que o amor é a energia que move o mundo. No dia seguinte você vai se decepcionar, vai gritar e jurar que o amor é o sofrimento constante da alma. Depois de alguns anos nas costas você vai desistir de significar o amor. Vai concluir que não há conclusão e vai continuar vivendo e sentindo involuntariamente como sempre fez.


Um dia desses, você vai ler esse texto. Vai concordar com tudo que está escrito, vai se encontrar nas palavras e compartilhar com um amigo. Depois de mais alguns dias desses, você vai se desencontrar dessas palavras. Vai discordar de tudo, apontar alguns erros de português e apagar esse amontoado de besteiras do seu precioso perfil naquela badalada rede social. 

Um dia desses, você vai acordar e vai desejar não ter acordado. Vai folhear uma autoajuda, encenar um drama e se abrigar nas próprias lamentações. Outro dia desses, você vai acordar com o próprio sol na testa.  Vai sorrir para o porteiro, dar bom dia ao padeiro e dançar nas avenidas.  Depois de alguns desses dias, você vai se sentir exausto com tantas oscilações e, no auge de suas conjeturas, vai se convencer de que a vida é a bipolaridade cotidiana de uma humanidade obcecada por estabilidade. 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

À flor da pele



Você sofre, grita, corre, chora e ri sem saber por que ou por quem. É um desses vícios da vida, como heroína ou cocaína, como chocolate ou tequila, como qualquer outra coisa que faz seus pés saírem do chão para logo depois te colocar no fundo do poço.  É sentimento. Mais forte que cocaína, mais destrutivo que heroína, mais prazeroso que chocolate e desce em um só gole como tequila.

E lá vai você, outra vez, correr atrás de qualquer sensação, de qualquer emoção que carregue o âmago com adrenalina. Então você sofre, grita, chora e ri de novo, alegando que é tudo diferente.   O que diferencia? Você não sabe explicar, você apenas sente. É sentimento. Não tem explicação, não cabe em prosa, dissertação ou verso, não é discurso.

Por fim, não tem fim. Você percebe que a ânsia está dentro de não sabe onde, lá nos cantos intocáveis do ser.  Você continua tomando suas doses, sentido suas dores, cultivando seus amores e cedendo ao mais tempestuoso vício. O que você vai fazer? É sentimento.