segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Grito


Não amo baixinho, de fininho, como quem tem medo do que há por detrás da porta. Grito o amor. Grito através dos olhos, das mãos, dos braços, dos abraços, das minúcias, das palavras… Porque o equívoco maior do Mundo é amar de menos. Amar de mansinho. Medir os passos. Acautelar-se. Eu não!

Entreguei meu coração assim que morri de amor. E morri de amor assim que entreguei meu coração. E, morrendo como estou, quero mais vida. Desnudei a alma. Desnudou. E, de súbito, fez-se o amor. Ali, ali mesmo. Naquela calçada. Naquela barulheira. Naquela esquina. Na verdade, não se fez. Despertou-se. Como um baque.

Até então, era só um quase estranho aquele menino-homem. Homem-menino. Um estranho com quem eu já cruzara inúmeras vezes. Insignificantes vezes. Que tentava falar comigo e eu não dava ousadia. Mas sem que eu mesma soubesse ele já roubava pedacinhos de mim. Já demarcava com toda a inconsciência que havia as esquinas que seriam dele: as minhas. E continuamos… vivemos. Enganamo-nos em outros beijos, em outros abraços, em outros olhares… Mas já éramos um do outro. Sempre fomos. Feitos muito pra nós dois. Em algum lugar, já nos amávamos.

Ninguém sabia. A não ser o dia, o Dia sabia. Ah, ele sabia! Sussurrava toda noite em nossos corações que, um dia, o Dia chegaria. “Se aquieta!” Dizia ele. “Que eu vou te conquistar.” Era quando a tranquilidade desafobava a pressa e a urgência sumia. E eu sorria, despretensiosa, simplesmente por acreditar que alguém estava amadurecendo na minha sintonia, preparando-se, como eu, pra não acordar o amor até que esse o quisesse. E foi assim. Ele quis. Na liberdade do tempo, na naturalidade da ocasião… lá estava você. Meu Deus, como era lindo. Como é lindo. 

Foi tudo diferente: a abordagem, as borboletas no estômago, a química, a conexão, a segurança, a tranqüilidade… o desejo… a imediata fusão dele com a consciência do amor. E, naquele instante, eu te conhecia anos a fio.

Eu sei que você sente, que você sabe, meu amor, o quanto você me trouxe vida. O quanto você enriquece a minha vida de… Vida. E pode se gabar por ter desvirginado meu coração, porque ele é exclusivo e completamente seu. Irrefutável e imutável.
Meu primeiro amor trouxe a certeza de ser também o último. Está nos meus gestos, na fala muda dos meus olhos, nas minhas manias, nos meus sorrisos, nas minhas idealizações, na minha eternidade, na minha convicção, no meu ciúme, nos meus cuidados e pecados.

É você. Sou eu. Somos nós. Infinitamente.


E eu grito. Grito o amor. Grito a honra e o orgulho. Você é um ser-humano raro. Fecho os olhos e ainda enxergo a tua beleza: a tua essência.
Eu te amo.
De alma pra alma.
Eu te amo com todas as lágrimas de felicidades que me fazem definir o indefinível.
Obrigada, obrigada pela magia.
Obrigada por tornar tão ínfimo tudo o que eu escrevo.

"(…) E desde então sou porque tu és.
E desde então és.
Sou e somos…
E por amor
Serei… Serás… Seremos."